Crônica do catálogo da L&PM
Dois irmãos, Esaú e Jacó, embarcaram na barcarola com espírito de conquistadores em contos breves para compor o livro dos desaforos escrito à mão e à luva pelo doutor Miragem. O penitente Édipo Rei jazia com a cuca fundida lendo o Diário da Descoberta da América ao lado de Romeu e Julieta em Hollywood, tendo na retaguarda Billy the Kid, o jogador, lendo o livro da selva no vale do terror.
Todos liam enquanto dançavam o tango em Porto Alegre. Júlio Verne quase desiste de compor “A volta ao mundo em oitenta dias” para escrever o livro dos esnobes e Alice no país das maravilhas. Esaú e Jacó eram inimigos, mas acreditavam na ressurreição do Guarani nas cidades e nas serras, pensando na mulher de trinta anos, uma pomba enamorada dos contos fluminenses. Antes de Adão, eu e outras poesias tivemos intervalo amoroso no memorial de Aires, com naufrágios e comentários de textos anarquistas no livro das maravilhas.
Helena e Ubirajara queimaram o pirotécnico Zacarias com total inocência, numa estação de amor. Nesta, a vida de Mozart, velho maquinista, condensava poesia reunida na ilustre casa de Ramires, onde um espinho de marfim traçava memórias de Sherlock Holmes com a ajuda de Lucíola, Antígona e Otelo gritando pela liberdade de imprensa.
Numa casa de pensão, São Manuel Bueno, Mártir, era o noviço das chafurdações de Eurico, o presbítero, que passou sete anos no Tibet como um vagamundo, sonhando com as minas de Salomão, sofrendo de repente acidentes no cortejo do divino rezando: “viva e deixe morrer!”
O signo dos quatro desvendou os crimes de amor no deserto, onde os Tuaregs confirmavam que os diamantes são eternos nos seis bustos de Napoleão. Um uivo interrompeu a ciclista solitária deserto a dentro, ela que buscava um longo adeus enquanto cantava “Besame mucho”. Macbeth não escreveu as notas de um velho safado, mas foi autor de memórias de Garibaldi, o grande deflorador. Por isso, dizia-se homem do princípio ao fim enquanto cooptava Aline e seus namorados e escrevia confissões de um comedor de ópio em dias e noites de amor e de guerra.
O vampiro de Sussex mordeu Flávia, cabeça, tronco e membros sem etiqueta na prática, lendo o manifesto do Partido Comunista e assumindo ser um inimigo do povo e responsável pelo paraíso destruído. O gato no escuro queria ser o mágico de Oz nos céus de Paris, afanando a carteira do meu tio que continha o retrato de Dorian Gray e a flexa de ouro na ilha do tesouro, onde se desenrolaram as aventuras de Simbad, o marujo.
Tomando a luneta mágica, o Dr. Negro e o príncipe sapo, unidos para sempre, compuseram a arte de amar o sono eterno na nova catacumba onde a bela adormecida declamava confissões e memórias nos verdes vales do fim do mundo. De topless, Lisístrata apascentava suas ovelhas negras com humor politicamente incorreto, enquanto se desenrolava o teatro do bem e do mal nos 10 dias que abalaram o mundo.
“Brasil terra à vista”, exclamou Júlio César para a dama das camélias, compondo uma dupla sertanojo e confirmando que não há nada de novo no front.
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