IMAGINAÇÃO
De repente meus olhos se perderam no azul do mar, e acompanharam a pequena vela branca sumir no horizonte. Eu ali, sentada no alto do rochedo, quis ter asas para voar e acompanhar de longe o barco que se distanciava cada vez mais rápido, tendo o vento como parceiro indomável a estufar as velas.
Então, as asas foram formadas e me lancei do alto do penhasco, sem atentar para as águas furiosas que batiam nos rochedos lá embaixo. Senti-me planar e isso me deu coragem para bater as asas com mais força. O vento, meu amigo de longas datas, se voltou contra mim e se interpôs no meu caminho, fazendo por um momento perder a força e cair livre para os braços do mar. Quando pensei que mais nada restasse em meu amparo, minhas asas criaram vida e num vôo rasante, sentindo o respingo das ondas, me pus novamente em missão obstinada; descobri que voar tão alto não oferece prazer e sim, voar à meia altura, entre o céu e o mar.
Estiquei meus olhos e voltei a ver a ponta da vela que se escondia entre uma onda e outra. Vultos brancos se acercaram de mim e pelos cantos dos olhos percebi que gaivotas me acompanhavam, piando, como se apoiassem meu vôo, me dando coragem para continuar.
As gaivotas, belas companheiras da minha solidão. Aquelas que se alimentavam por minhas mãos, aquelas que faziam balé rente ao mar, só para afastar o triste de meus olhos. Agora estava ali, seis de cada lado, como em retribuição a nossa grande amizade. Solidárias, me deram as pontas das asas para que eu segurasse, em contrapartida, descansei as minhas. E velozes me fizeram deslizar mais rápido, tanto que quase não conseguia respirar. O ar invadiu meu pulmão quando percebi que as velas brancas balançava sob meus olhos. Se esticasse as mãos as tocaria.
Mas não poderia pousar. Tão somente acompanhar do alto, aquelas velas brancas que levavam pra longe o amor sonhado, almejado, querido... Apenas acariciei com o olhar.
Fechei os olhos por segundos pra guardar as boas lembranças e retornar pro meu castelo de sonhos no alto do rochedo. Dei meia volta resignada, e com a mesma emoção com que me levaram, as gaivotas me trouxeram e me fizeram pousar suavemente sobre a rocha. Sentei deixando os pés serem lambidos pelo mar. Lágrimas se misturaram com os respingos da água. Água salgada do mar... Água salgada dos olhos.
Deixei a brisa tocar meu rosto mas algo suave e incontido me fez retorcer o nariz. Uma borboleta voava incerta sobre meus olhos me fazendo despertar do devaneio.
Deixei meus pés ficarem mais um pouquinho dentro do riacho e me levantei em seguida. Procurei pelo barquinho de papel, mas só encontrei pedacinhos brancos desmanchados na água. Espreguicei-me e segurei a ponta da saia molhada despertando de vez do mundo imaginário. Olhei pela última vez os pontinhos brancos serem levados pela corrente, até se prenderem entre os galhos dos ciprestes.
Então, as asas foram formadas e me lancei do alto do penhasco, sem atentar para as águas furiosas que batiam nos rochedos lá embaixo. Senti-me planar e isso me deu coragem para bater as asas com mais força. O vento, meu amigo de longas datas, se voltou contra mim e se interpôs no meu caminho, fazendo por um momento perder a força e cair livre para os braços do mar. Quando pensei que mais nada restasse em meu amparo, minhas asas criaram vida e num vôo rasante, sentindo o respingo das ondas, me pus novamente em missão obstinada; descobri que voar tão alto não oferece prazer e sim, voar à meia altura, entre o céu e o mar.
Estiquei meus olhos e voltei a ver a ponta da vela que se escondia entre uma onda e outra. Vultos brancos se acercaram de mim e pelos cantos dos olhos percebi que gaivotas me acompanhavam, piando, como se apoiassem meu vôo, me dando coragem para continuar.
As gaivotas, belas companheiras da minha solidão. Aquelas que se alimentavam por minhas mãos, aquelas que faziam balé rente ao mar, só para afastar o triste de meus olhos. Agora estava ali, seis de cada lado, como em retribuição a nossa grande amizade. Solidárias, me deram as pontas das asas para que eu segurasse, em contrapartida, descansei as minhas. E velozes me fizeram deslizar mais rápido, tanto que quase não conseguia respirar. O ar invadiu meu pulmão quando percebi que as velas brancas balançava sob meus olhos. Se esticasse as mãos as tocaria.
Mas não poderia pousar. Tão somente acompanhar do alto, aquelas velas brancas que levavam pra longe o amor sonhado, almejado, querido... Apenas acariciei com o olhar.
Fechei os olhos por segundos pra guardar as boas lembranças e retornar pro meu castelo de sonhos no alto do rochedo. Dei meia volta resignada, e com a mesma emoção com que me levaram, as gaivotas me trouxeram e me fizeram pousar suavemente sobre a rocha. Sentei deixando os pés serem lambidos pelo mar. Lágrimas se misturaram com os respingos da água. Água salgada do mar... Água salgada dos olhos.
Deixei a brisa tocar meu rosto mas algo suave e incontido me fez retorcer o nariz. Uma borboleta voava incerta sobre meus olhos me fazendo despertar do devaneio.
Deixei meus pés ficarem mais um pouquinho dentro do riacho e me levantei em seguida. Procurei pelo barquinho de papel, mas só encontrei pedacinhos brancos desmanchados na água. Espreguicei-me e segurei a ponta da saia molhada despertando de vez do mundo imaginário. Olhei pela última vez os pontinhos brancos serem levados pela corrente, até se prenderem entre os galhos dos ciprestes.