Praia do Forte
Estranho como preciso mergulhar na natureza para recuperar a força que os homens me tomam, com seus problemas e atritos, com sua eterna oposição com relação a minha órbita, que mais se assemelha a uma corrida interdimensional com obstáculos.
Nos arredores da Praia do Forte, mais forte fiquei, aterrando os pés na areia úmida, lambida pelas ondas, cercado por tantos rios e matas. O vento balançava minhas roupas, a chuva lavava minh’alma, quando então, saí de sintonia. A vista era o céu nublado, despencando como chuva no mar revolto. Vi a tudo chuviscado, como televisor fora do ar, que sou. Era eu, me sintonizando ao vazio entre canais, ao vazio entre as cascas da cebola universal, deixando para trás caminhos e esferas, cascas e terras passadas, presentes ou futuras, toda oposição e todo apoio, para ser e só ser, um ser fora de sintonia, ser uma sinfonia dissonante, um brado uivante, ruído e chuvisco no tempo-espaço, encharcado apenas de mim.