COM A ALMA A VOLITAR
Adorava caminhar por aquela rua, sua alma ia a frente do seu corpo.
Flutuava, e indiscreta, espiava pelas belas e enormes vidraças, das casas lindamente dispostas por ali.
Em cada um delas, presentia um sonho, uma fantasia, às vezes um problema, uma preocupação ou dor.
Voltava rapidamente e se encaixava no corpo que a vestia, ali sossegava a curiosidade que a movia.
Fazia isso porque, o veículo que lhe servia de morada era lento, e de pouca sensibilidade. Então a alma voltava a volitar por aquela rua de beleza ímpar.
Se embebedava com o verde que pendia de cada janela, tinha vontade de adentrar o portal das residências, com vasos lindos a enfeitá-las.
Mas, era educada a alma, e continha o desejo de invadir lugares sagrados de outras almas, que não perteciam a ela.
Curiosa se punha a espiar, prescutando o mais delicado sentir, que vivesse por ali.
Ficava com pena a alma, do corpo que lhe servia de morada, coitado, tão destrambelhado, não era capaz de nada disso captar, só seguia sem nada de fato ver.
(Foto da autora- Rua de NY)