Agonia noturna
Esta noite eu quis morrer...
Morrer de morte não poética.
Cessar a respiração.
Morrer para não mais pensar...
Para não pensar mais em nós dois,
para não pensar no futuro,
para não arder no presente;
para não amargar o passado.
Morrer para não sentir,
Não sentir saudade do seu cheiro, da tua pele,
da tua boca, da tua mão deslizando no meu corpo
e atingindo meu coração.
Esta noite eu quis que toda morte poética
não fosse metafórica, a única
metáfora que eu queria fosse a de um beijo,
mesmo que pensado pudesse ser sentido.
Esta noite noite eu quis morrer para não sentir esse vazio,
para não sentir o peso do abandono. Para não amar mais
agora que não te tenho, nem em carne, nem fingido está
comigo!
Esta noite eu quis morrer, para não ter esta certeza que
nunca te tive,
ter esta certeza que foi apenas uma fantasia solitária
que embarquei,
Para não ter esta certeza que satisfiz teu orgulho,
teus desejos físicos e nada mais.
Esta noite eu quis morrer; para não ter
a certeza que nunca virás me ver novamente.
Essa certeza que fiz tanto esforço, que me desgastei,
que investi tanta energia, que te dei tanto, tanto amor... e você quis tudo, tudo, menos me amar!