SONHO, SERTÃO E CORAÇÃO.
De uma tela de televisão, mostra-se ao mundo, um mundo que todos já sabem, e para todos pede socorro, seco e quente sertão. Tão fatal e poeirento quanto poético, surreal e vivente. É como o boi da sanfona, do couro vestindo a pele, a farinha, rapadura e queijo coalho, de tudo e de tão pouco se chora a vida nesse mundo tão esquecido e tão lembrado de meu Deus. Do repentista que corta o horizonte com as letras rápidas e certas, no fulgor de Ritinha engraçadinha ao boi violento que, espinho a dentro, força o peão e sua coragem. Do Rei do Baião e sua voz de trovão, voando a Asa Branca, do Ribação ao pau de arara, fala de toda uma gente, que sonha diferente, de todo esse jeito de agora. São filhos escorregadios, fazem crescer a cidade que dela só será parte, no canto escondido que lhe será emprestado, foge da fome do corpo para a fome da saudade. Daí o sonho de voltar mais gente, como se essa gente, tão rica e bela não fosse. Volta filho do boi, do agreste e do repente, volta pra toda sua gente. Que se vire mar ou vire sertão, mas que se eterniza no coração a poesia que canta a vida do verdadeiro amor pela terra que lhe foi por vocação.