NÃO APRENDI DIZER ADEUS

Diz um trecho de uma canção popular: "Não aprendi dizer adeus". Já perdi tanto na vida que, ainda que me doa continuar perdendo, aprendi que as perdas também fazem parte deste processo que se chama viver.

Aprendi também que é mesmo nas perdas que podemos ter grandes lições de vida. Nas perdas percebemos mais nitidamente o quanto nos era precioso o bem que possuíamos. Nas perdas aprendemos que, embora pareça perda, essencialmente, não foi perda, foi consumação de conquistas.

Nunca fui muito bom em despedidas, prefiro as chegadas, os encontros e os reencontros. Até mesmo porque, rigorosamente, não há despedidas definitivas enquanto se vive.

Também aprendi a não chorar de tristeza. Prometi a mim mesmo que se viesse a chorar novamente teria que ser de alegria. Guardo meu sorriso para quem esteja interessado em minha alegria.

Prefiro o sorriso ingênuo da alegria às lágrimas do sofrimento. Contive e contenho meu choro, sempre.

Aprendi a dar valor àquilo que realmente tem significância, embora não despreze aqueles que insistem em promover a insignificância. Estes, por suas ações e palavras, destacam ainda mais o que realmente tem valor.

Aprendi que existem pessoas e PESSOAS e que a diferença entre elas é tão aparente que, ainda que tentem dissimular, mais cedo ou mais tarde se revelaram por suas intenções.

Aprendi que existem pessoas que não conseguem assimilar e conviver com suas incapacidades e também que existem pessoas que não conseguem conviver com a capacidade dos outros.

Aprendi que os valores espirituais são concretos e possuem ânimo capazes de alterar a realidade, e que existem valores concretos que revelam o espiritual que há dentro de cada um de nós.

Aprendi a aprender na medida que tinha por intenção ensinar, de tal forma que se tornou impossível delimitar o que foi ensinamento e o que foi aprendizagem.

Aprendi que as palavras abrigam qualquer discurso, porém é na prática de vida que os indivíduos são revelados, e aprendi que há uma longa distância entre as palavras dos discursos e as intenções do coração do falante.

Aprendi que é no exercício da missão que se faz um aprendiz e que é de tenra idade que se constrói o indivíduo de amanhã. Aprendi que é vã a missão de educador se ele não instrui o indivíduo à compreensão da dimensão da cidadania.

Por fim, aprendi que o fim é transitório e faz parte do relativismo existencial. Aprendi que embora algumas situações possuam aparência terminal, só o são para os que possuem mentalidade medíocre.

Edmilson Esteves
Enviado por Edmilson Esteves em 29/06/2012
Código do texto: T3751608
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.