Apoiada na janela com a mão no queixo
Ouço o tamborilar da chuva.
Olho as gotas escorregando
Das folhas dos vegetais
E se depositando no chão
Formando poças d’água.
Começo a divagar...
Eu sendo uma das gotas
Escorregando entre as folhas.
Uma gota diamantada
Límpida e transparente
Descendo vertiginosamente
Pra depois se espalhar
E deixar somente um rastro úmido
No lugar. Ou ser absorvida
Entre as pétalas de uma flor
Adentrar entre os pistilos
E virar essência que perfuma...
Divagações...
Ou então, enquanto ainda gota sobre a folha, outra
Também caísse no mesmo lugar
Se sobrepondo sobre mim.
Seria eu ainda a mesma gota?
A outra gota ainda seria ela mesma?
Seriamos uma mistura de águas homogêneas
E não saberia dizer quem era eu ou quem era ela...
Divagações...
E quando caíssemos sobre a poça
Aumentaríamos a porção.
A poça ficaria maior e com varias gotas unidas.
E se logo mais, com outras quedas de gotas
A poça virasse lagoa,
O que seria eu então?
A gota, a poça ou a lagoa?
Divagações...