Vínculo Inconsciente

No vínculo da luz, persisto envolver-me nas teorias sobre os fenómenos, consciente das virtualidades da incerteza.

Procuro os retratos no horto verde do passado. Parece-me que se houver uma cor para o passado – será verde a cor. Então: o horto verde do passado, verde mesmo na primeira virtualidade de quem sonha.

Lembro-me de apreciar um dia - como uma linha da decantação do quotidiano. Onde estivemos para decorar o que não volta aos olhos, e sabíamos que não voltam em frente ao rosto esses momentos que podiam ser de uma tela renascentista. Aquela paisagem subtil nas margens de um rio, um fundo, uma película esfumada e a memória que ficou num barco a remos na tarde.

Pensei filosoficamente nos fenómenos da percepção - de novo. Uma filosofia exaltante, ocorreu-me a expressão. Olhar ao gosto de Platão. Regressámos aos axiomas para compreender esse mesmo quotidiano, as imagens fixam a brevidade do que passa pela atmosfera de uma hora imensa: uma cidade imensa entre jardins e avenidas paralelas desde um início sem fim.

É útil ler as oportunidades do sonho, ocorreu-me a frase quase adormecido num leito branco desarrumado. O hotel tinha muitos andares como convém. Talvez comprar os jornais de amanhã, observando flores expostas na jarra lilás de esmalte e um cenário onde ficavam apenas lábios como aqueles da Mae West de Dali.

Agora, passam as aves ao longe, ao longe entre anúncios publicitários, ocorreu-me acreditar no inconsciente.