::: Sempre :::

"Sabe, eu acho que não sei fechar ciclos, colocar pontos finais. Comigo são sempre virgulas, aspas, reticências… eu vou gostando… eu vou cuidando, eu vou desculpando, eu vou superando, eu vou compreendendo, eu vou relevando, eu vou… e continuo indo, assim, desse jeito, sem virar páginas, sem colocar pontos.''

[Autor Desconhecido]

Sempre.

Passo meus sonhos procurando as palavras certas para dizer. Tentando descobrir, no caleidoscópio dos meus pensamentos, quem você é. Eu sempre estive aqui, sempre procurando respostas em silêncio. Essa sempre foi e sempre será minha forma de amar, não obstante aos obstáculos, sempre foi amor. Porque aprendi que amor é amor independente da forma, das circunstâncias ou da demonstração. E sempre gostei de usar a palavra “sempre”, porque é indizível e incontável. É uma proporção de tempo eterno, é um pouco perto do que a além vida nos indica. São existências e permanências constantes. É um “não” adeus tatuado nas fibras do coração. É uma pulsação frenética, um suspiro que não se desmancha no fio do tempo. Mas o conceito de sempre que está no dicionário é muito distante do real. Sempre: Advérbio de tempo, singular, masculino. Do latim, semper: “Em todo o tempo, a todos os momentos, para a eternidade.” Eu parei de usar essa palavra, depois de apenas uma que você disse. Não encontro algo que possa se encaixar nesse conceito de “eterno”. E tenho absoluta certeza de que o amor não necessita desse complemento, ele já é em si o que nunca se acaba. Então, definitivamente, se experimentei o amor, não percebi. Porque se para amar é necessário demonstrar, eu também não tive essa demonstração. E eu simplesmente cansei de me preocupar com o que vou dizer ou de tentar calcular minhas palavras, para que elas não firam. Porque você também me feriu, e não foi pouco e muito menos por eu ter ferido primeiro. Porque as coisas não são dessa forma, não sou apenas eu a pessoa que fala sem pensar, que fere sem querer. Que escreve o que quer. Existe um livre arbítrio e é para todos. E eu acho que o que sinto e o que sou e o que penso podem ser ditos na mais pura essência, sem floreios, apenas ditos. E sejamos francos um com o outro, pelo menos uma vez nessa decisão. Sem essa, por favor, sem essa de que fez tudo para me proteger, eu não sou uma boneca de porcelana que se quebra facilmente e acho que não deixei muito claro quando te conheci. Na verdade, não deixei nada claro e acho que foi esse meu maior e único erro, aquele que sobressaiu a todos, aquele que pôs um fim a tudo. Tudo bem, eu também nunca te conheci como deveria. Talvez porque você nunca me permitiu isso, talvez porque você sempre se escondeu atrás das suas ideias e objetivos, talvez porque existiam pessoas muito mais importantes e que faziam do seu mundo um lugar “agradável”, mas essa palavra não entra no meu vocabulário, eu não quero o agradável, eu quero o intenso.

Mas o sempre? O sempre é apenas uma questão de escolha.

Ana Luisa Ricardo
Enviado por Ana Luisa Ricardo em 28/06/2012
Reeditado em 28/06/2012
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