MEDITAÇÃO

O silêncio é uma

eloquência calada.

É feito uma ausência

que se preenche de plenitudes.

Vazio, transborda-se de si mesmo.

Não sendo, pode ser tudo.

Abre-se ao espaço das possibilidades,

janelas que ampliam

horizontes invisíveis.

Feito brilho de cristal,

é transparência muda que resplandesce.

O silêncio é a solidão convergindo

ao seu próprio reencontro.

Inaudível feito sussurro de sonho,

germina o eco do nada.

Fala por dentro e se cala por fora.

Veste-se de pluma e tem a graça do gesto

despido de palavras.

Silêncio é pétala de pensamento.

Desabrocha levezas, abre-se

em perfumes, evola,

goteja, serena, orvalha.

É murmúrio de lágrima e espuma de

alegria se inaugurando.

Diz coisas que apenas a alma sente.

E o coração adivinha.

Junto a águas tranquilas,

calmo espelho,

o silêncio é o tempo

esquecido de si mesmo,

uma quietude que faz germinar

em segredo

a árvore da eternidade.

Um silêncio de luar despetala-se em mim.

Casulos de fina seda,

vozes de algodão e cetim.

José de Castro
Enviado por José de Castro em 26/06/2012
Reeditado em 27/06/2012
Código do texto: T3746764
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