MEDITAÇÃO
O silêncio é uma
eloquência calada.
É feito uma ausência
que se preenche de plenitudes.
Vazio, transborda-se de si mesmo.
Não sendo, pode ser tudo.
Abre-se ao espaço das possibilidades,
janelas que ampliam
horizontes invisíveis.
Feito brilho de cristal,
é transparência muda que resplandesce.
O silêncio é a solidão convergindo
ao seu próprio reencontro.
Inaudível feito sussurro de sonho,
germina o eco do nada.
Fala por dentro e se cala por fora.
Veste-se de pluma e tem a graça do gesto
despido de palavras.
Silêncio é pétala de pensamento.
Desabrocha levezas, abre-se
em perfumes, evola,
goteja, serena, orvalha.
É murmúrio de lágrima e espuma de
alegria se inaugurando.
Diz coisas que apenas a alma sente.
E o coração adivinha.
Junto a águas tranquilas,
calmo espelho,
o silêncio é o tempo
esquecido de si mesmo,
uma quietude que faz germinar
em segredo
a árvore da eternidade.
Um silêncio de luar despetala-se em mim.
Casulos de fina seda,
vozes de algodão e cetim.