A AMORA

Se alteramos o pensamento,

O delírio vem a tona...

Se alucinarmos a realidade

Vemos coisas onde não tem...

Se brincarmos de Deus,

Provocamos o diabo...

Se escutamos vozes,

Nos perdemos no silêncio...

Se exagerar-mos nas cismas

E no foco de nos mesmos,

Transitaremos na paranóia...

Se queremos o imaginário,

Perderemos a capacidade do afeto...

Mas do afeto,

Depende nosso destino...

Se o real nos assustar,

Fantasiaremos a sobrevivência,

A beleza e a elegância

Camuflarão nossa demência...

Se do medo nos nutrimos

Para da realidade fugir,

Não suportaremos o peso de existir...

Como é insana essa loucura

De desvirtuar a realidade

De imaginar que pirilampos,

Se vestem de maldades...

Se olhares se fixam,

Aparece a alucinação

Dos elementos deste universo

Estarem transvestidos de anunciação...

Do que nos afastamos,

A não ser da realidade

De não estarmos em sintonia

Como o que há de verdade?

Do que nos afastamos

Quando nos prendemos ao passado,

A relembrar a todo instante

O que sabemos ser suportado?

Que dificuldade de relacionar-se

De igual para igual?

Que necessidade de proteção

Nos deixa louco sem direção?...

Do que nos afastamos

Ao negar o desconhecido,

E nos prendermos

Já aos primeiros passos aprendidos?

Que defunto ainda em vida,

A existência nos convida

A enclausurar a própria sorte

Nas historias mal vividas?

Como podemos nos condenar

A viver de outra forma

Se ainda não aprendemos

A suportar os próprios lutos?

Na medida em que nos escondemos

Entre a realidade e a demência

Entrevaremos já nas primeiras letras

As historias de nossa sina...

E no doce sono da eternidade

Esperamos encontrar a paz

Que juramos não ter em vida...

Por que feliz é a AMORa

Que desenhou em seu próprio nome

A escrita da palavra

Amor.