(Sobre) Teus Olhos
Me olha com teus olhos grandes: ora verdes, ora castanhos. Me devora com estes mesmos olhos, assim vivos ou preguiçosos. Olhos que viajam no horizonte distante, que viajam nas linhas do meu rosto próximo. Tão próximo, tão longe. Tão alheios e tão meus. Me fita no meio da multidão: olhos perdidos que me acham, se acham. Olhos calados que falam... Essas coisas... Olhos arregalados que fecho, que deixo, que beijo.
Fetiche. Querer teus olhos nos meus. Ferir teus olhos com a luz dos olhos meus. Sentir teu olhar cair sobre mim, apanhá-lo e guardá-lo no meu olhar. Colher uma lágrima que escorre pelo canto, lágrima que vem me contar um segredo. Segredo guardado nos teus olhos: no baú dos teus olhos que abro, entro, fico. Descubro tua vida. Deixe que seus olhos me contem sua vida! E cantem você.
Onde estão teus olhos agora? Para onde vou sem que eles me guiem? Eu nada quero que não seja sob a luz destes teus dois sublimes órgãos. Que vai-e-vem são meus. Se fazem meus. Da forma que eu já não sou mais só minha. Minha vida começa quando saio na rua, atravesso o tempo e encontro com teus olhos – verdes ou castanhos da cor de mel, nem importa. O que me importa é vencer esse tempo que me separa do instante de poder tocar teus olhos oscilantes. Oscilo entre me perder e me encontrar.
Thuca 17/06/2012