Tempos Atuais
Sinto...
E por sentir eu me respeito.
Fora de mim a vida passa, o mundo gira.
O homem bom de hoje é um estranho,
nele não me reconheço mais.
Sem empatia, artificial.
Adornam-se a si mesmos de valores materiais.
Bijuterias. Dignidades para uso externo.
Porquê se calaram os heróis de outrora?
Aqueles gigantes do dia a dia?
Hoje a originalidade fabricada constrange.
A pose treinada, o discurso decorado;
fazem o bem parecer mal, o que é ruim,
e o mal parecer bem, o que é pior.
Se sinto e nada faço, me igualo aos heróis sucumbidos?
Ou, mais modestamente, às cópias dos folhetins?
Mas respeito em mim o sentimento e sigo,
carregando o peso morto da superficialidade,
fingindo que é leve, sem vergar.