Tempos Atuais

Sinto...

E por sentir eu me respeito.

Fora de mim a vida passa, o mundo gira.

O homem bom de hoje é um estranho,

nele não me reconheço mais.

Sem empatia, artificial.

Adornam-se a si mesmos de valores materiais.

Bijuterias. Dignidades para uso externo.

Porquê se calaram os heróis de outrora?

Aqueles gigantes do dia a dia?

Hoje a originalidade fabricada constrange.

A pose treinada, o discurso decorado;

fazem o bem parecer mal, o que é ruim,

e o mal parecer bem, o que é pior.

Se sinto e nada faço, me igualo aos heróis sucumbidos?

Ou, mais modestamente, às cópias dos folhetins?

Mas respeito em mim o sentimento e sigo,

carregando o peso morto da superficialidade,

fingindo que é leve, sem vergar.

Allba Ayko
Enviado por Allba Ayko em 23/06/2012
Reeditado em 28/11/2014
Código do texto: T3740086
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