Entre o chão firme e o precipício encontram-se nossos maiores medos.

Não sentia medo de cair. Não dava medo de simplesmente ser tragada pela gravidade, pois havia chão firme pra pisar bem abaixo dos meus pés. Era medo de simplesmente se jogar por vontade própria. Não suportaria ficar aqui por mais nem um segundo. Num pisar em falso e você sabe muito bem o porque. Num pisar em falso do seu subconsciente, e você os encontrava. Eles nos conhecem tão bem... Porque nós o chamamos pra dentro uma vez. Entre a segurança e o desespero, entre a solução e o jogar tudo pro alto, é aonde eles moram. Eles vem de mansinho, lentamente, mas em questão de segundos estamos de mãos dadas. Surge o medo daquela pessoa não aparecer. Não pra você se segurar, mas pra ela te segurar num momento crítico de lucidez. E pior: O medo de que ela nunca apareça. Nem a beira de um precipício ou apenas em um final de semana pra comer morango com chocolate e assistir um filme chato, ou ir ao banco numa terça-feira... O medo de não ser suficiente ali na cama. O medo de que aquela sua amiga nunca mais volte pra te consolar sobre isso. E o medo de deixa-la ir. O medo de que um dia eu me complete apenas com os livros, cds e fotografias da minha estante. E ai, surge o medo de um dia admitir que isso já vem acontecendo a anos. Surge o medo do tempo ser mais uma dessas falsas-propagandas que se vê espalhadas em cartazes por ai. "O tempo cura tudo" dizia o auto-falante. Mas será que o tempo cura o que o tempo faz com a gente? (...)

Pamella R
Enviado por Pamella R em 22/06/2012
Código do texto: T3739080
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