Mentes como a minha
Gostaria que todas as mentes fossem como a minha.
Não me lembro dos rostos das pessoas. Parace que a minha mente romântica, que teima em esquecer o real estético, cria um ideal em torno da personalidade de tal pessoa que quando não a vejo ela perde sua face. As rugas, os cabelos brancos, os olhos cansados... Nada disso existe em minha mente. Apenas a fala bela e divertida.
Isso parece uma ingenuidade vista distorcidamente. A ingenuidade já fora uma coisa bela e comum, hoje é raro e mal visto. Estranho, não? O que a sobrevivência faz com os muitos.
Vejo essa ingenuidade - se assim o quer chamar - como um dom. Isso mesmo, um dom.
Mas minha mente, apesar de teimosa, aceita que o real existe, e que a realidade importa. O que não importa ela idealiza. Deixa a vida mais divertida, cheia de emoções. Ela entra em um mundo só dela e me leva junto. Lá, o mundo ideal, a cadeira é simples, mas não é quebrada.
Seria tolice dizer que todos possuem essa capacidade. Por isso chamo de “dom”.
Apesar de tudo, gostaria que todas as mentes fossem como a minha, que o raro fosse comum e o comum inexistente.