UM SIMPLES MATA BORRÃO
UM SIMPLES MATA BORRÃO
Ao soltar a voz no papel, em forma de escrita, as idéias se tornarão para sempre inseridas...
No movimento da escrita, a emoção escorrega feito água das enchentes,
em calhas, atoladas pelas folhas secas jogadas ao vento, desejando a primavera...
Ao libertar o lápis em cima da folha já não tão alva,
o escritor desperta...
Seu olhar fita a ponta, gasta pela pré tensão que jaz em forma de pinça
sobre a lápide do papiro...
Escrever é essa forma ritualista de limitar um território
tão desconhecido, em forma do prazer
que deseja não ser esquecido...
Ao sepultar seus pensamentos como se fosse o papel apenas um jazigo,
o escritor se julgará protegido...
Obreiro de suas marcas, grafita em forma de letras sua parede humana...
Escala feito alpinista, atado em suas amarras, tal qual feto grudado ao ventre materno, quando das entranhas do feminino, nasce talvez um menino, ainda moleque a revelar seu destino...
E assim se faz o homem, sozinho e rabiscado, pelo mundo a decorar seu traçado...
Faz curvas e deixa marcas, grafitando seu destino,
vive e cria histórias, imaginando ser a vida,
um simples pergaminho...
Sua essência se revela, traz à tona suas quimeras,
carrega em suas verdades um mito de fantasias,
algumas vezes parece humano, outras vezes mitologia...
Escrever então é isso, um ato de conservar a ação...
Num rito de risca e rabisca, busca absorver sua essência como se fosse o homem um simples mata borrão!