As seis pragas

Gurupá, 2006.

O pium.

O suco

que puxa

da pele

do peão.

Do planalto,

do igarapé,

que corre

na trompa

do Jari, Tê-um.

Praga de pretinho que prega no braço

picada de agulha que arranca aquele um!

A mutuca.

A fera

que mata

a moleza

da moleca.

Do molhado,

da maresia,

que fica

no trecho

de Santana, cutuca.

Meleca de moléstia que maçante maçarico

incomoda mexida a rede fura!

O maruim.

Coisinha

que mete

mal-estar

no namoro

do menino.

Da mordida,

do vespertino

de Joanes, ruim.

Mazela de morte que maltrata maluco

deixa irritado a manha sem fim!

A caba.

O vôo

que pica

tal faca

na cara.

Da casa

esquecida,

do tronco

caído

de Curralinho, ferrada.

Cassete de coisa que em caçada espanta

até o cacique cadê a danada?!

O tachi.

O time

que trava

a luta

com o caboclo.

Da árvore,

que encostado

tremi, em Portel,bati.

Troço de tormenta que caiu da testa

ao tornozelo me tira daqui!

A carapanã.

A rainha

que cochicha

no ouvido da criança.

Do mosquiteiro,

do chuvisco

que caiu

no combu, de manhã.

Cambada de corno que castiga a costa

do cristão no sereno, campeã!

A carapanã.

que faz

o cavalo

se esconder

no córrego,

do samba.

Do cururu,

da SUCAM,

do Norte

que sangra.

Cruz-credo de comando cretino que faz

até o galo cantar: “carapanã pra caramba!!”