HÁ PENAS

(quando a alma não é pequena)

Acabo de me divorciar, foi um momento silencioso, 8 minutos, assinamos e fim. Enquanto aguardamos as retificações do escrivão, fui possuída pela melancolia das circunstâncias, divisão dos sonhos grandes e da pouca matéria; olhei para o homem a minha frente, enxerguei-o em sua máscara de racionalidade prática; enquanto a minha lançou-se ao chão. Pressionei as narinas durante todo processo na tentativa de reter as lágrimas que ousavam revelar-me - covardemente vieram imagens do dia do nosso casamento, das nossas brincadeiras na porta do fórum, da família reunida, das minhas fotos de noiva com olhos cheios de esperança...-

Agora no estacionamento, com os ruídos de um dia de semana qualquer, deixei o choro inundar-me, como rito de passagem, sentindo a serenidade de querer bem, desejo meu ex-homem, como fraterno amigo imaginário.

Despeitos, mágoas, mesquinharias, egoísmo.... nada disso nos cabe e tudo há de ser bom, porque sou amiga de Adélia Prado e ele é íntimo de Drummond.

e se não for pedir demais, que o Espírito de Deus esteja em mim...

Juliana Canezim
Enviado por Juliana Canezim em 14/06/2012
Reeditado em 21/06/2012
Código do texto: T3723972
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