Alguma coisa chamada paixão
Quando eu me via assim, de repente, não sabia. Ia e vinha num louco percurso ilógico cambaleante. Fugia a passos largos para mim mesma. E não olhava. Cerrava os olhos num desespero mudo e faminto.Meu medo ao dele se misturava, e nos tornávamos, num ato insano, coisa mais mágica que certa, mais eterna que amante.
Abruptamente parávamos e contemplávamos o nada e a árvore, numa paisagem deserta que sempre pede um balanço ao galho. Num redemoinho de sonhos íamos caindo aos poucos e nos perdendo, mais querendo que lutando.Viajávamos assim, em cavalos brancos alados que vagam acima das nuvens, na velocidade do mundo.
Pela fresta o vento fresco passava. E as vestes esfuziantes em festa faziam contornos inusitados, alegremente moldados em algo volátil. Mas não notávamos. Não notava eu, nem ele. O vento era apenas um compondo o todo, mais que mágico. O zumbido vinha e parecia ser sintoma de nossa momentânea insanidade, tão desejada, tão feliz.
Embriagados por nossos olhos, sentíamos o mundo no espaço-tempo surrealmente pequeno de nossas mãos interligadas. Mãos que começavam a ousar geografias mais distantes, trêmulas de insegurança misturada com prazer.
Um toque leve e só, pleno. De bocas que não precisavam de mais para ser.