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A infância superestima a adolescência.
A adolescência superestima o sexo.
A vida adulta superestima o dinheiro.
A velhice superestima a Vida.
A Vida superestima a Morte, pois a ela é direta, intrínseca e inexoravelmente ligada.
A morte é a primeira, única e última lucidez – e mesmo assim, num átimo - da vida. É o primeiro e último lampejo de consciência de que tudo é nada, de que tudo é lodo, logro e engodo; de que nada sobra, de que nada vale a pena, de que tudo soçobra e tudo é digno de pena. O ínterim entre o choro gutural e inaugural e o derradeiro sofrido suspiro é um conglomerado de sonhos flutuando numa densa névoa de desilusões, cujo despertar para realidade é feito aos tropeções, aos solavancos, aos mais abruptos e terríveis trancos.
Entregar-se a melindres, a projeções do que é amor, a desbundes consumistas, às farras da carne: tudo tão atual e tão banal. Superestimado e desalentador. Tudo falso. Falso. Frio. Vazio.
11/06/2012 - 19h42m