Outuno

Oh outono, vele este corpo brusco

Enaltecendo o perfume do helianto,

Carminando e pejando com enântico

O lume astral do inefável noctâmbulo.

Estio, entorpeça com haustos cálidos

Acidulosos vinhos mortuários,

Inebriando o verdugo torvo

Com o veneno das rosas pérfidas.

Pulcra floresta, dai-me o alento,

Para não regar as lascívas searas

Com minhas lágrimas contristadas.

Inverno alabastrino; sublime palor,

Trazido do pélago o austro ardor

De nimbos austeros com mãos suntuosas

Acalentando o corpo, confortando a alma...

Deitem o condenado num berço de ébano

Próximo ao vale edênico do crepúsculo.

Não cubram seus ouvidos com seda e flores

Pois estará atento ao coral dos anjos e seus tenores.

Leandro Louback
Enviado por Leandro Louback em 06/02/2007
Código do texto: T371724