Escrevendo o indizível
Queria ter preservado a juventude da minha alma
Aquilo que foi perdido no tempo e eu pressentindo
Não pude adiar muitos fatos e nem seus momentos
Tudo lançado ao acaso do que jamais me foi querer
Sabia que desmoronava a possibilidade do sonho
Não estava em minhas mãos o poder de deter aquilo
No coração da minha memória guardei o possível
Não pude preservar o que me foi tomado nas manhãs
É-me impossível resgatar o que foi levado sem acordo
Lançado foi no desconhecido e lá permanece ainda
Nada me resta além de um lamento sem respostas
Nem posso me desculpar pelo que não fiz e nem quis
E o que sei ser de certa forma um tanto improvável
É que nada disso tem alguma importância validada
Assim, neste riso de lágrimas disfarçadas, voo de mim
Parto inverso e a avessa, que é urgente e transbordante
Pois há um querer certo e concreto que se realizará
O sonho que se fará realidade certeira e derradeira
Um querer que poderei justificadamente desejar
Sei que levarei a dor pelo que perdi e não pude doar
Permanecerá por teimosia a juventude do meu coração
A infância escondida que jamais será perdida, nem tomada