AS CORES DE JUNHO

Lanço olhares saudosos para a minha meninice e me reencontro naquelas manhãs de junho.

Quantos segredos recobrem esse lugar por onde a luz se filtra, entre amarelos e verdes crestados, amadurecidos por tantas ilusões.

Que centelha mágica brota desse lugar, capaz de germinar minhas esperanças e renová-las através do éter misterioso das brumas do tempo, que ouve e entende a lua escondida em súbitas clareiras, para assistir ao casamento dos raios de sol com as efêmeras nascentes.

Nessa atmosfera, perguntas e respostas bailam com vozes ao pé do ouvido e se harmonizam como o cinzel e a pedra bruta que se deixa moldar para esculpir um desejo.

Que essência rara é destilada desse lugar inebriante que me faz remontar o curso da existência, para reconstruir tantas imagens no caleidoscópio da minha vida, imobilizando o tempo, paralisando-o num momento eterno, sagrado, para que os sentidos, atentos, em pura contemplação, tragam cores novas para o meu sonho antigo.