ÔMEGA
Foi preciso tomar o vento
Sair à noite e parar o tempo
Olhar o céu,sentir o silêncio,a estrela companheira
Foi preciso sair e ouvir bem longe
A voz acordando a alma, inquietando a calma
E,o desatino de estar só.
De repente ir e vir de ondas revoltas
Um voo trêmulo que faz lembrar
O choro místico,a reza, o calçadão
O olhar perdido na multidão
Não saber a hora certa do encontro
Criador e criatura.
E, no espaço,no vento,na lua
Retornar à promessa,à criação
Conduzindo o Zé como um dragão
Que engole a terra,o corpo,o vento,o espaço.
Foi preciso olhar a lua com um olhar incerto
Tentar atingir o céu,desviando da realidade tua
E,agora,permanecer,lutar ou partir?
Como resposta um eco de interrogações
No teu deserto se povoou
É o sabor do pão,da matéria,é hora de decidir
E,agora,Zé,pra onde ir?
Findou a tua lua,teu olhar para o infinito se apagou
Teu engano seduziu-te,teu encantamento passou
A boca do tempo esfomeada te espera
É chegada a tua hora,uma estrela companheira te conduz
Longe,muito longe,uma luz desconhecida te espera
É o brilho do teu fim,é o troféu da tua travessia
E,agora,Zé, para onde vais?
Ah! não te aflijas tanto assim,passa pelo caminho
Pela rua,entra pelo espaço adentro
Canta tua canção,sem rima,sem métrica,sem lua
O vento vai te ajudar,o silêncio vai te conduzir
O caminho vai te abrir a porta para o criador.
Vai,vai Zé,vai
Deixa tudo que não era mesmo teu
Só não deixa o teu sonho,a tua alma,o teu céu
Descansa em paz,amém!