ETERNURAS
Ouço a voz das montanhas ao longe
Ecoando horizontes de espanto
E me aninho nas lembranças
Daqueles tempos em que tudo parecia mágico
Tuas mãos tecendo as distâncias em veludos de ausência
E eu alongando os olhos no tempo da espera
Em cetins de silêncio me abrindo em saudades azuis
O tempo brincava de esconde esconde
Nas veredas distantes de nós dois
E eu contava as estrelas como se fossem bichinhos de estimação
E ficava imaginando a doçura do teu beijo
Perfumado de verbenas e alecrim
Teus lábios eram macios como a pétala da açucena
E eu ficava brincando de tecer esses fios de lembranças
Louras tranças bailando ao brilho do luar
Me lembro que havia um remanso em teu olhar
Um rio que navegava de encantos cachoeirando por entre
Orvalhos que vertiam lágrimas de cristal
E a brisa me dizia que um dia eu haveria de te reencontrar
E eu fiquei vagando pelas campinas por entre os vãos dos descaminhos
Fabricando sonhos em tachos de ouro, prata e silêncio
O tempo se fez de corcel coruscante nos cascalhos da estrada
E eu tive a certeza de que me olhavas com olhos de pássaro
Também prisioneiro de gaiolas onde se aninham esperanças
Então criei asas de sonho e voei por sobre o abismo de nós dois
E escrevi o teu nome na mais alta montanha
Pois as montanhas são eternas
Como eterno e sagrado é o amor que sinto por ti...
Ouço a voz das montanhas
Um eco distante se alongando nos páramos do tempo...