ETERNURAS

Ouço a voz das montanhas ao longe

Ecoando horizontes de espanto

E me aninho nas lembranças

Daqueles tempos em que tudo parecia mágico

Tuas mãos tecendo as distâncias em veludos de ausência

E eu alongando os olhos no tempo da espera

Em cetins de silêncio me abrindo em saudades azuis

O tempo brincava de esconde esconde

Nas veredas distantes de nós dois

E eu contava as estrelas como se fossem bichinhos de estimação

E ficava imaginando a doçura do teu beijo

Perfumado de verbenas e alecrim

Teus lábios eram macios como a pétala da açucena

E eu ficava brincando de tecer esses fios de lembranças

Louras tranças bailando ao brilho do luar

Me lembro que havia um remanso em teu olhar

Um rio que navegava de encantos cachoeirando por entre

Orvalhos que vertiam lágrimas de cristal

E a brisa me dizia que um dia eu haveria de te reencontrar

E eu fiquei vagando pelas campinas por entre os vãos dos descaminhos

Fabricando sonhos em tachos de ouro, prata e silêncio

O tempo se fez de corcel coruscante nos cascalhos da estrada

E eu tive a certeza de que me olhavas com olhos de pássaro

Também prisioneiro de gaiolas onde se aninham esperanças

Então criei asas de sonho e voei por sobre o abismo de nós dois

E escrevi o teu nome na mais alta montanha

Pois as montanhas são eternas

Como eterno e sagrado é o amor que sinto por ti...

Ouço a voz das montanhas

Um eco distante se alongando nos páramos do tempo...

José de Castro
Enviado por José de Castro em 05/06/2012
Reeditado em 06/06/2012
Código do texto: T3708108
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