Cai a tardinha, bem devagar.
Ainda há alguma luz esmaecida entre as folhagens da mata, como se ali tivesse ficado presa, segurando nas mãos do tempo para que o momento dessa alquimia durasse um pouco mais. Porém escureceu e o orvalho começou invisívelmente a tanger o gramado, molhando levemente os pés, amaciando os passos, refrescando a paisagem. Sigo...vou...estou...tenho vida junto a mim e percebo o movimento noturno que se faz com os insetinhos alvoroçados em busca de abrigo. As folhas pouco se movem hoje, não há muita brisa, mas estão ali nas plantas semi adormecidas adornando-as de outono. O suave perfume da noite espalha-se pelo lugar, dando o clima de meditação a quem o perceba e goste. Não vejo tudo isso como um simples momento, há no ar uma suave explosão de vida noturna fazendo junto à lua, que desponta tímida, uma doce serenata louvando a vida e o Criador dela. Sombras desenham no chão algumas caricaturas incompletas, que levemente balançam ao sabor da brisa, que vez em quando resolve dar o ar de sua graça. Vou sózinha, caminho, mas não sinto-me só, como pode parecer por estar em um ermo. Há muita vida ali, escondida entre arbustos, flores e tudo que não consigo visualizar ou nem sequer imaginar. Sou feliz novamente, muito, como sempre quando posso entrar nessa conjunção com a natureza, esquecendo os problemas, pois ela me cura mais do que qualquer remédio. Seguirei em passos cadenciados, marcha lenta até onde meu corpo novamente aguentar. O caminho é só meu e preciso trilhá-lo, pois ninguém pode fazê-lo por mim, nem senti-lo como a minha alma o percebe: só, sem ser solitária.









Fotos:Marilda


05/06//12
Marilda Lavienrose
Enviado por Marilda Lavienrose em 05/06/2012
Reeditado em 28/09/2014
Código do texto: T3707604
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