Já não chove mais em mim...

A chuva que chove lá fora já não chove mais em mim.

A água cai e corre em euforia, desbanca em correntezas, enxurradas. Acontece um dilúvio.

Líquida e gélida. Agridoce. A chuva limpa as ruas, destrói canteiros. A água leva consigo todo o pó das janelas. Nada sobra. Nada fica.

E eu espero, espero enquanto observo o espetáculo. As margaridas, amarrotadas, jazem despedaçadas e espalhadas por todo o jardim. Um massacre. Uma chacina.

Enquanto aqui dentro, onde há o mais puro e sagrado segredo, só há vento. Uma brisa fresca e reconfortante. Não, inconsolável.

A espera aflita, acompanhada de uma certeza arrebatadora. Gritos se perdem em xícaras e caixas.

O branco gelo.

Só chove lá fora.

WsCaldas
Enviado por WsCaldas em 05/06/2012
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