Gritando em silêncio
Aquela coisa gritava novamente:
-“Se afasta! Se afasta! Você sabe que eles estão prestes a explodir. Se afasta, antes que você também saia ferida novamente.”
Sei lá o que era aquilo. Alguns dizem que é o coração, deus, subconsciente... Na verdade eu não me importava. Queria mesmo saber o que me mantinha aqui, com os pés fixos ao chão. Eu não queria me machucar de novo, mas aquela voz era tão confusa... Ela se contradizia. Ao mesmo tempo que queria sair correndo, permanecia ali, gritando em silêncio. Mesmo sabendo que não poderia fazer nada, ficava. Sem dizer uma palavra, e sem que notassem sua presença ainda estava lá. Não parecia mas naquele silencio ecoava muitos barulhos. Quase imperceptível aquela mesma voz cochichava entre os berros de desapego:
-“Seria capaz de arrancar toda a dor daqueles olhos e abrigá-la em mim...”