A TRAVESSIA
Quantas vezes atravessara aquela ponte?
Ela não saberia dizer.
Todas as vezes fora difícil, pois a incerteza do que encontraria do outro lado, a acompanhava.
Do lado de cá da ponte, o conhecido, a segurança, a aceitação pelo que ela era, o acolhimento.
Do lado de lá, a indiferença, costurada pelas linhas do preconceito, do egoísmo, do orgulho, do materialismo.
Sempre o mesmo arrepio percorria todo seu corpo, na véspera da travessia.
Por que será que o lado de cá, era tão aconchegante, enquanto o de lá, tão áspero e austero?
Somente sabia que tinha que fazer a travessia.
Por agora, nem o lado de cá nem o de lá, eram permanentes para ela.
Por isso, a ponte estava sempre a esperá-la.
(Foto da Autora- Central Park)