INOCENCIA NÃO PERDIDA

Crianças abandonadas nos orfanatos

São feitas de carne e ossos não são brinquedos inconsequentes

Feitos de faz de conta como num conto de fadas de traz pra frente

Possuem sim a inocência impedida de ser sentida na pele aflita...

Os pais que os fizeram culpam seus defeitos pelo sexo desenfreado aos outros pela ausência da camisinha que por tabelinha não usavam.

Porque será que sempre a culpa é dos outros

Dos coitos viemos e dos coitos acoitamos

Às vezes sincrônicas às vezes sem crônicas

Os óbitos vêm dicotômicos

São seres que se querem

Despem-se sem vaidade

A idade dos dias se esvai

Precisam de cores

Vivendas de canas

Se apertam em canaviais

Apertos de amasso doces

Desencana saem flores

Gemidos multicores

Quem tem mão e imaginação

Peregrinam em velas

Apagam os bolos

Aquecem os fornos

Limpam-se de limbos e bolores

Quem será contra

Feromonicos odores

Feras que estão por dentro

De falsos cobertores

Não desarmam o sexo

O sexo pulsa e expulsa

É espuma convulsa

Trás a pérola do mar

Como controlar

Como suportar

A represa da juventude

Que explode

Na pele de sua concretude

Como falar de sexo

Se não for o ser no outro

A busca do não concreto

O teto por dentro sentir

A gota que se esvai

E que de cima não cai

Como ser filha se outro ser dentro

De minha barriga vivia

Filha de teu ventre

Agora sabe o que é ter gente por dentro da gente

Outra filha eu fiz não tenho culpa sou nascente

Outro filho eu fiz não tenho culpa

Se no meio das pernas tenho esta cicatriz

Quero o sol entrando pelas janelas

A escuridão é uma mulher solteira

É uma mulher solteira a escuridão das celas

Não ama ninguém e seu preço

É o equivalente a uma poça de lama

Você pisa e ela se espalha

Mais sempre existe o buraco da vala

E há sempre um corte sangrando saindo

Pelo corte da navalha...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 01/06/2012
Código do texto: T3700536