INOCENCIA NÃO PERDIDA
Crianças abandonadas nos orfanatos
São feitas de carne e ossos não são brinquedos inconsequentes
Feitos de faz de conta como num conto de fadas de traz pra frente
Possuem sim a inocência impedida de ser sentida na pele aflita...
Os pais que os fizeram culpam seus defeitos pelo sexo desenfreado aos outros pela ausência da camisinha que por tabelinha não usavam.
Porque será que sempre a culpa é dos outros
Dos coitos viemos e dos coitos acoitamos
Às vezes sincrônicas às vezes sem crônicas
Os óbitos vêm dicotômicos
São seres que se querem
Despem-se sem vaidade
A idade dos dias se esvai
Precisam de cores
Vivendas de canas
Se apertam em canaviais
Apertos de amasso doces
Desencana saem flores
Gemidos multicores
Quem tem mão e imaginação
Peregrinam em velas
Apagam os bolos
Aquecem os fornos
Limpam-se de limbos e bolores
Quem será contra
Feromonicos odores
Feras que estão por dentro
De falsos cobertores
Não desarmam o sexo
O sexo pulsa e expulsa
É espuma convulsa
Trás a pérola do mar
Como controlar
Como suportar
A represa da juventude
Que explode
Na pele de sua concretude
Como falar de sexo
Se não for o ser no outro
A busca do não concreto
O teto por dentro sentir
A gota que se esvai
E que de cima não cai
Como ser filha se outro ser dentro
De minha barriga vivia
Filha de teu ventre
Agora sabe o que é ter gente por dentro da gente
Outra filha eu fiz não tenho culpa sou nascente
Outro filho eu fiz não tenho culpa
Se no meio das pernas tenho esta cicatriz
Quero o sol entrando pelas janelas
A escuridão é uma mulher solteira
É uma mulher solteira a escuridão das celas
Não ama ninguém e seu preço
É o equivalente a uma poça de lama
Você pisa e ela se espalha
Mais sempre existe o buraco da vala
E há sempre um corte sangrando saindo
Pelo corte da navalha...