Existência

Com todo o esplendor do meu brado atordoado e abafado pela dor de seguir com este fardo, que gritando pelas entranhas do meu ser, já cansado, amedrontado, porém vivo, amado e só: pede socorro, gemendo e tremendo pelo triste fim destino: nascer para viver, viver para sofrer, sofrer para morrer.

Sendo assim a mais perfeita existência, desse ciclo louco, constante, eterno; que brincam com a vida e destino, como a mosca no copo da criança, que feliz assiste o fim da vida, e que depois de morta, é largada, esquecida, dizimada. Brincar de Deus deve ser interessante.

Cambaleando por esse vale de prantos e lamentos, praguejando contra o vento e projetando o pensamento no além, eu vou vivendo o momento, guiado pelo legado deixado pelo antigo, já esquecido; mudando o já mundano.

Concluindo o já concluso, eu não sou um ser, eu sou “O” ser: o sol que ilumina o dia com seus raios quentes; e o brilho, belo prateado lunar, dama da noite, sou; A força da vontade de viver acima de tudo, por mim e por você, e a fraqueza daqueles que não tem por que viver, seu corpo, sua alma, sou; o ouro, o diamante e os mais valiosos metais servem a mim, pois sou de lata, ferro, enfraquecido pela força, sou; Eu sou o presente do inimigo e a falência dos mais próximos, o desespero e a alegria das pessoas, sou; a beleza, o terror, o orvalho e a cinza, profundo, sou; a cachoeira e a correnteza, o desprezo e o orgulho, todo o mal e todo o bem, odiado, porém enfim, amado, sou; sou o certo e o errado, o início, meio e fim, consagrado e admirado; sou perfeito; sou sagrado.