Caçador de sóis
Um bronze humano caminhante põe-se de pé
e vulnera a alma à vida das chamas douradas
e à medida que se erguem as pálpebras do dia,
verga a sua fardo de horas noturnas das praias sonâmbulas,
de nenhum lugar e de todos os lugares,
praias sempre acesas, pois a noite jamais adormece.
Seu caminho se banha, do sol aos seus pés montanhosos,
rompendo-lhe nas têmporas rosais de bronze fundido;
todos os seus sóis têm praias, geleiras, florestas, montes,
vulcões tudo pincelado a ouro e fogo,
debaixo do lumaréu da lua vermelha ensolarando
o caçador de sóis, de mãos de asas egoístas
e olhos de farol pendurados no fio de luz.
Castelos erguem-se na espuma do seu anseio,
derramam-se no pó rochoso, contudo, entre ilusionismo e sofreguidão nosso caçador continua caçando sóis e mais sóis, já morou na casa da árvore,
na da ponte suspensa, nas gotas da lua,
suas ruas são o porvir,
seu companheiro seu cajado,
Deus seu guardião.
Exauriu, de tanto garimpar seus diamantes
nos látigos de ciclone,
ganhou na alma rugas de universos, praças, becos,
talvez's, se's, porém's...
aprendeu contudo a minerar nas reticências do percurso,
um largo sorriso esperançoso.
Santos-SP-04/02/2007