DE QUEM É O TEMPO?
O tempo roubado
Ninguém nos devolve
E não adianta reclamar
Se não perdemos tempo?!
É o molde que não tem cópia
Somos os passageiros
Que nunca alcançamos
O motorista condutor
Somente pagamos pro cobrador
A passagem sem sabermos
A hora em que vamos chegar
Ou sair do mesmo lugar?
E a locomotiva é onde estamos
É que lá estamos presente...
Na cidade do agora
Nas casas dos ponteiros
Estamos nos movendo à corda
Á corda acorda acordado
Um joguinho de dados
Na base da sorte ou do azar
Este é o nosso lar?
Então quer dizer
Que o tempo verdadeiro
É aquele tempo prensado
Que passa como um trator
Por cima da gente?
E nós é que pensávamos estarmos indo
A seu favor?
Quando na verdade
Nós somos quem alimentamos esta imensa
Caldeira de vapor
Escravos, que horror!
O mundo é um relógio gigantesco
E nós suas pecinhas?
Engrenagens que se vão emperrando
Atrasando e quando param...
Desertaram-se deste frio lapidário
E o cuco imaginário voa?
Deixando suas penas
Embaladas sob a corrente
Do nada que pena
Meu Deus Já é madrugada!