LARANJA
Nem nas cartas para Trotski, nem nas canções por Adriana. Aquelas cores que não se sabe o nome não são de Frida, Russo. E agora que não te escuto mais, irmão, são os meus ruídos que compõem a trilha sonora da minha escuridão. Não há casacos, só calos! E as bolhas são de sabão. Mas acho que já encontrei a resposta.
Sabe qual a cor de tudo que não se sabe o nome? Poderia ser Rosa, Violeta, Amélia, mas Amélia não é cor, é rosa. E eu prefiro dizer que é Laranja. Laranja é a cor de tudo que eu não pude sentir, que eu não pude ter, que eu não pude colorir.
Laranja é a cor da felicidade quando ela sai pela nossa porta. É cor da solidão quando ela chega e se apossa. Laranja é não saber. É ter a tinta, o pincel, a aquarela. E faltar apenas ela...
É covardia driblando a inspiração, quando se tem coragem pra abrir mão. É quando todos os opostos tem o mesmo peso, o mesmo sabor, e precisa-se de um apoio, uma cor: Laranja.
Laranja é a cor que não quer existir. Desbotou. Amarelou. No momento em que me faltou o sol pra recolorir.
Antes, as sentimentalidades de Marisa. Ainda bem. E agora? Depois.
Mas não tem problema. Amarelo é cor de Luz.
Lembro-me bem: Havia sol, amarelo, elo.