O ÚLTIMO RESGATE
Silenciam-se as vozes...
para que se ouça a explosão das granadas!
Os tempos chegaram.
Sob o eclipse do sol,o céu entristece
e lacrimeja estrelas cadentes.
A poesia emudece estupefata por falta de inspiração.
Os tempos chegaram.
Ecos de sofrimento racham a camada de ozônio,
e a atmosfera se contamina.
A chuva é ácida.
A terra estéril, não mais sacia a fome.
A água é de colorido ocre, de odor fétido, de sabor amargo.
Os tempos chegaram.
O império é da mediocridade!
A violência espreita em cada esquina.
Mãos se desenlaçam, rompem-se as famílias, o amigo atraiçoa.
As virtudes são perseguidas!
Falta-nos o fôlego,o sorriso, o abraço.
Sucumbe o amor.
Cai a última gota de sangue desbotado...
sob o último grito de dor.
Resta-nos apenas um nó na garganta...
e um vazio na alma.
Os tempos chegaram...
E temo que não haja mais tempo.
A esperança é fugitiva!
Mas eu a resgato em cada olhar de desespero
que clama por um mundo melhor.
SP,26-10-2004
Nota do autor:Dedico este canto,à inconsciência que destroe, e à consiência que paradoxalmente se movimenta para resgatar o primordial.
Maria Virginia.