VOLTANDO AO PARAISO

VOLTANDO AO PARAÍSO

Hoje não pretendia sair de casa

Queria sentir-me a sós comigo

Mergulhar em meus mares

Brincar com meus sonhares

Acordei cedo,

banhei-me em sais e pétalas de rosas

Vesti uma roupa bem leve

Perfumei-me com suavidade

Senti-me toda prosa

Aconcheguei-me em almofada macia

Para enfim ouvir um clássico do Strauss

Volume baixinho, em clima de magia

A música começou a tocar

Os meus vazios já se preenchiam

Inesperadamente outra música toca

Arrepiam os meus pensamentos...

A campanhinha da porta...

Quem seria?

não estou esperando ninguém...

Entre o silêncio da minha pergunta

e o rubor da minha face

Eis que ele aparece,

Mesmo sem que eu o chamasse

Atônita e sem jeito

fiquei desconcertada

Parei alguns segundos e disse:

nada

Busquei o que dizer

lá dentro do coração

Mas diante da surpresa

fiquei sem opção

Restava-me repetir

aquele poema de sua autoria

Isso! Isso com certeza eu saberia..

Em ato de instantânea poesia

Ele respondeu ao que eu dizia

com poema da minha autoria

Em sequência de inconseqüências

peculiar aos poetas

após um beijo profundo

saímos porta a fora

procurando um mar azul

Não sei se ao norte ou ao sul

Encontramos também um barquinho cansado

Esperava um casal de namorados

Em ímpeto poético ali embarcamos

O marinheiro perguntou-nos onde íamos

Respondemos: ao acaso nos sujeitamos

E foi assim que o destino alçamos

Eram novamente aquelas dunas de areias

Alvíssimas, onde pela primeira vez nos amamos.

De repente

após subirmos a mais alta delas

um silêncio me fez incomodar

e perguntei:

Por quê?

Por que Strauss?

esse CD parou de tocar?

Conceição Castro
Enviado por Conceição Castro em 24/05/2012
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