NOITE CHUVOSA
Chagaspires.
Através da vidraça molhada da janela do meu apartamento, percebo os pingos da chuva, caírem no asfalto da rua.
A enxurrada, fustigada pelo vento, empurra a água, que em desalinho, procura aos borbotões, a calha que leva a galeria de esgoto.
A luz pálida da lâmpada, na noite, empresta um tom branco-brilhante, contrastando com o vermelho forte das luzes traseiras dos veículos que passam.
As plantas, no jardim da casa ao lado, balançam desenfreadas, parecendo o aceno desesperado de mãos que se despedem de alguém que vai partir.
Os vultos imprecisos das pessoas, rua á cima, rua á baixo, com seus guarda-chuvas molhados e suas roupas coloridas, se arrastam pela noite á dentro.
É final de maio.
O vento forte sopra lá fora empurrando a folhagem, e ao passar pela fresta da janela, solta um uivo melancólico parecendo um lobo solitário na noite chuvosa.
Apesar da chuva que cai lá fora, o calor pelo lado de dentro, causa no apartamento, uma sensação de segurança e de paz.
Na cama aconchegante, os lençóis macios, me convidam a mergulhar numa languidez morosa, e me entregar ao sono reparador, depois de uma fatigante jornada diária.
Mais uma vez olho a rua e toda aquela chuva me faz lembrar dos que se encontram em uma situação diferente da minha; os que não têm um teto. Imediatamente me transporto ao trono da graça, e minhas orações brotam com facilidade ao SENHOR SUPREMO.Termino o meu pedido, agradecendo em nome de JESUS pelas providências solicitadas, e me deito satisfeito.
Ao lado da mulher amada, sobre a cama em desalinho, sentindo o perfume que exala de sua figura querida, me entrego aos seus abraços, aproveitando os efeitos que a noite chuvosa transmite as nossas almas.