O SALTO MORTAL

A nave de viver necessita de um cais preciso, nem que seja às margens do precipício. Ali nasce, por vezes, a esperança: um parafuso que nos atarracha a espaço e tempo. Uma chave sobre a fenda que a mão invisível aperta com mãos de veludo, só pra não espremer a ferida, produzindo dor e sofrimento nos portais da matéria. O mergulho é sempre corajoso – propõe o salto mortal pra dentro do poço. Há uma incontida náusea em todos os episódios crepusculares. Uma espécie de ponte para o nada... Uma vertigem ou o amanhã sobre outro cais?

– Do livro O AMAR É FÓSFORO, 2012.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/3684807