A PALAVRA CRUCIFICADA
A nervosa manopla lírica está mais desperta do que nunca e não quer parar de falar. Traceja o rastro do que conta o corpo e seus cansaços: pontos e vírgulas. Os alvéolos transmigram-se pela traqueia até a boca. É nos pulmões que se esconde o compassado indomável... Minha mão direita só dorme depois de trespassada pela cruz dos cansaços. E pousa à mesa feito um pássaro ferido. E afoga a língua de suspiros. Feito uma traça roendo a página dum livro... Desta, o que restará amanhã? O respirar morre à míngua da Palavra.
– Do livro O AMAR É FÓSFORO, 2012.
http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/3684787