Contando lagrimas
Me peguei contando lagrimas, chorei junto muito, por que aqui também doeu. E não foi pouco, enquanto anida jovens, gravidas, regurgitam e abortam sonhos em esquinas diferentes. E eu só com uma dor no peito de filho mais novo, fechando o peito, calado em um porão, em um portão sem cadeado
Eu chorei de verdade como a muito tempo, como se fosse musica e lágrimas
Eu não sabia por onde começar, eu não sabia
Eu queria ajudar contar os passos, segurar a mão e cuidar, cuidar, cuidar até aparar de doer
Mas não era nem na esquina, estava em casa deitada ao meu lado a todo instante sonhando mentiras e morrendo acordada
Deixei de pensar que haveria o fim, deixe de pensar em mim, e deixei até de pensar
Passei a noite, não sei quantas, ela tremia, não sei em qual frequência e eu ia junto, chorando junto, tremendo com ela, ia morrendo de medo acompanhada
Ela me fazia falta, eu me fazia dela, ela me fazia gente eu me fazia ela
E foi assim, vivendo por amor e morrendo a cada estante
Me peguei amando muito, e você amando o mundo, me pegava andando pela noite pra velar sua cabeceira
Era dor, chantagem oculta, stigma traduzido em vontade, era única forma de sentir o alivio; com a dor, era o que ressaltava além das veias, além das vértebras, com o cheiro de álcool matutino, exalando a ultima noite com um cigarro apagado no pé da cama
Sempre terminava igual, sempre vai me terminar igual.