NATUREZA MORTA
Cidade louca
respira a loucura que transita
entre afazeres e frustrações
É no frenesi dessa frenética
corrida para ser vencedor,
que muitos se atiram,
e ao final,
nada mais além
de um "até amanhã"
O sol que já brilha por vontade própria
e não cobra o bem que proporciona
também nessa louca cidade
é ofuscado pela fumaça dos automóveis
E passageiros à espera da condução,
balbuciam ainda na madrugada,
e no ponto já lotado,
se dirigem à fábrica produtora
de sonhos criados pela propaganda
E nos gabinetes tapetados à escarlate,
o ocupante, senhor de destinos alheios,
bate o martelo
e condena ao cárcere mais um pobre coitado
E a televisão que entretém com suas mentiras,
não noticia a morte de mais outra criança,
ainda no limiar de completar o primeiro ano,
e tudo voltará ao normal
tão logo o apresentador anuncia os comerciais
É a cidade que transforma homens em lobos,
e como tais,
eliminam potenciais concorrentes
Triste realidade,
dirão os homens do saber,
mas não lhes passa pela cabeça
que nada perdura sem adequados discursos,
e o quadro se renova a cada dia com novas cores
Lamentável