Convivência Forçada

A ingenuidade sempre se incorporará em minha sombra. Mas agora eu me descubro em uma nova jornada de autoconhecimento e de reestruturação racional. Tantas pessoas que compõem a minha história, que representam cada fatia do meu bolo de afetividades e memórias, agora me brindam com novos gostos, na verdade são os mesmos sabores dos meus tempos de preponderante inocência, mas com uma nova interpretação, o verdadeiro significado dos desígnios entranhados em seus intentos escusos e frios, os quais eu tive o inenarrável privilégio de captar.

Eu conheci certos indivíduos que, à minha avaliação urdida pela relativa falta de profundidade, primavam pela nobre gentileza, pela inteligência altiva, pela formidável capacidade de decifrar os elementos mais complicados do nosso cotidiano. Porém, as constantes transformações vindas em forma de torrentes com o passar dos anos trouxeram novos contornos subversivos à imagem que eu pintava desses sujeitos. Decepções monstruosas que me custaram a sagrada fé que eu mantinha nessas ardorosas, aguerridas, afáveis e inacreditáveis criaturas. Apenas o meu amável e imaculado eu se tornou a minha única fortaleza retumbante do meu ser.

Mas eu sigo com a mais genuína, audaciosa, humilde e fervorosa determinação que me rege e me veste enquanto caminho por todos os pólos onde eu possa transitar, edificando assim a minha galeria de achados e perdidos de minhas vivências. Se eu ainda alimento o meu amor próprio, quem sabe essa descrença irá se desfalecer como muros de areia que se estendem por toda a praia onde o sol impera por entre as trevas dos julgamentos por mim sofridos e que se converterão na chama reluzente e imponente dos sonhos imortais da nossa natureza.

Diego Pedra
Enviado por Diego Pedra em 23/05/2012
Código do texto: T3684204