SEGREDOS
Quantas profecias que se cumprem
Aos olhos nossos
Tremores movem as placas tectônicas
Os oceanos se exaltam
Agigantando suas ondas
Devorando sonhos, homens e coisas
O chão se abre em enormes crateras
Anegando arvoredos
Em suas curvas prematuras
Epidemias se espalham
Por sobre a face ferida da terra
A lua ao longe se esvai
O sol perde toda magnitude
Sua intensidade, seu brilho
As estrelas se abrandam
E se escondem pelo medo
O céu fica encoberto pelas trevas
Nuvens escuras, sombrias noites
Os dias têm as horas contadas
Pelos badalos dos sinos
Sinais e cicatrizes, marcas eternizadas
Que jamais serão destituídas
As águas se tornam turvas
De colorações avermelhadas
Pois choram lágrimas de sangue
Os rumores anunciam a nova guerra
Aos sons estridentes das trombetas
E os comandantes
Revestidos em suas fardas
Ditam outras leis
Armados até os dentes
Esses entes hipócritas
Estarão sempre prontos
Pra cravar suas espadas
Em nossos corpos inocentes
Acuados, entrincheirados
Amordaçados, dilacerados
Por esses campos minados
Como pares de olhos na escuridão
Aplacados pelas balas de um medíocre canhão
Assassinos dementes, doentes
Seres cruéis de mentes mórbidas
Seres inconseqüentes
Que estancam vidas humanas
Sem sentido algum
Apenas pelo prazer
De mais uma condecoração
Homens vis e covardes
Que nem mesmo sabem
Do amor de uma mulher
Tampouco d'um sorriso de criança
Mas por certo estarão expostos
Todos os segredos por sobre a mesa.
Autor: Valter Pio dos Santos
23/Mai/2012