Idiossincrasia

Costumo desejar, que alguns momentos, não se esvaem de mim, desejando que fiquem eternamente comigo, quero o prazer eterno – sou demasiado egoísta-. Porém, sou apaixonado pelo viver.

O vento muda de direção, as folhas nascem para caírem novamente, a chuva se transforma em tempestade, o rio se encontra com o mar, e nós já não somos mais os mesmos. Ficamos presos na singularidade, queremos ser apenas um, não compreendemos nossa existência, assim, ofuscamos nossa beleza, reprimimos nossos desejos mais sinceros, nos transformamos em máquinas, guiados por uma só existência.

Lá fora, depois de um dia de sol, sentado naquele banco da Praça, entreguei-me à solidão, à tranquilidade, à observação, à prazerosa arte de estar só. O ponto frenético, cheios de vultos, de pessoas correndo demasiadas tristes, demasiadas sorridentes, à caminho do trabalho, da escola, à caminho de emprego, à caminho do nada. Alguns sem direção, procurando por algo. Alguns, em extrema solidão da alma, caminhando sol a lua, sem pretensão, sem sonhos, sem dinheiro, sem amor, sem dor, sem cor, nada de temor. Essas pessoas, que caminham sem pressa, tão tímidas, tão só em si mesmas, são sem convicções, são apenas seguidores do acaso, da consequência de seus atos, da procura do por quê.

A chuva começou a despencar do céu, o vento gélido arrepiou aqueles braços magros, e ele fugiu para o além. Nunca mais o vi, nunca mais ele me viu; ninguém o viu, nem o conheci, já não mais saberei também, outros virão, e outras centenas passarão pelo banco, assim, tudo se vai embora, e tudo recomeça novamente. No mesmo ponto, na mesma hora, no mesmo local, mas sem os mesmos rostos, sem os mesmos brilhos, sem as mesmas incertezas, entretanto, já se passou da hora de sair daqui, de voltar para casa, estar em paz e dormir...

Guilherme Cesar Meneguci
Enviado por Guilherme Cesar Meneguci em 23/05/2012
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