UM POEMA QUIETO

UM POEMA QUIETO

Eu queria fazer um poema quieto,

de pequenas dimensões

Que não arrastasse consigo todas as minhas emoções

Da espessura daquela linha tênue

que quase não mais avisto

Daquela linha que observa o eu e você

e depois traça o nós.

Mas não consigo...

Então jogo palavras ao vento desconhecido

Aquele que mora lá do outro lado

Do lado meu

Que se dá por vencido.

Suplico ao vento que controle sua força

Vigie a sua direção

Ajude-me a esquecer

Esvazie meu coração.

Enquanto isso...

Leio tudo quanto me vem à frente

Letras se escondem,

se vaidosa,

quero ler sua mente

Confesso que roubei uma bola de cristal

Queria saber se você é real

E se não lhe fosse machucar

Abriria com calma seu coração

Jogaria lá pétalas de rosas

Chamaria suavemente sua atenção

De um jeito todo meigo, dengosa

Mas enfim, não quero mais perguntas ou respostas

Quero dançar o som da minha música

Daquela canção que veio gravada no meu peito

Quando nasci assim ,

chorando meio sem jeito.

Chorei o grito de uma bela canção

Que dizia: deixa falar, deixa falar seu coração

Ali continha a única regra a seguir:

Ser feliz lá, acolá ou aqui

porque o tempo passa enquanto a coragem descansa

A vida dança enquanto a música pausa

Chega a tempestade enquanto se olha a janela

E viver passa de vida

a sentinela

Tenho palavras de amor e ternura fazendo cócegas em minhas mãos

Elas insistem em virar poema

Mas são tão puras, tão transparentes

e ao mesmo tempo tão cintilantes...

São as palavras mais belas e sublimes que já me habitaram,

que não quero fazê-las virar poema

Porque arrastarão consigo todas as minhas emoções

De um amor incondicional e pleno

pelo poeta das abstrações.

Conceição Castro
Enviado por Conceição Castro em 21/05/2012
Reeditado em 22/05/2012
Código do texto: T3679819
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