Aos amores de outrora...

Brindemos todos, um brinde, por favor!

Um brinde a todos os amores que partiram e nos deixaram na merda. Aos que nos fizeram aprender com os tombos e com as inúmeras porradas que se leva da vida.

Façamos um brinde! Tragam os copos!

Encham os copos para celebrar os corpos vazios dos quais somos agora. Um brinde a todos os sentimentos que um dia já acreditamos existir.

Vamos, bebam todos!

Em cada gole, em cada porre, vamos nos lembrar de todas as caras que já passaram por nosso velho peito, que agora jaz carregado de ferrugem. Vamos nos lembrar de todas as promessas de eternidade que o vento e o tempo levaram. De todas as palavras, das cores dos olhos, da cama, do por do sol. De tudo.

Vamos recordar!

Vamos botar aquela música, aquela mesmo. Aquela que tocava enquanto vocês dançavam. Recordaremos dos sonhos, e das noites que dormimos sozinhos e morrendo de frio depois que partiram.

Garçom, me traga mais um Bourbon.

Agora, com essa dose, vamos nos lembrar dos contatos. Sim, dos contatos que foram ficando cada vez mais escassos. Quero que você veja como ela tá bem, e como você vive afundado nessa pocilga. Seu porco. Vamos nos relembrar de tudo que você já viu, viveu e sentiu em matéria de relacionamentos.

Chegou o Bourbon pessoal, vamos a mais um brinde!

Vamos brindar! Brindemos ao tempo... O tempo que passa e vai nos deixando cada vez mais sem esperanças. Cada vez mais sem forças. Velho e com a obsolescência programada. A esse tempo que vai te transformando numa pessoa fria, com medo.

E por falar nisso, ergam seus copos. Um brinde ao medo!

Medo esse que te pega nos momentos em que você mais precisa ter coragem e força. Um brinde ao medo. Essa coisa absurda que nos pega de jeito quando estamos decididos a fazer algo descente, ou quando queremos fazer algo que queremos. O medo que nos paralisa, que nos faz correr. O medo que nos impede de ser felizes.

Bebam senhores, até a última gota.

Agora quero que vejam seu destino. Vejam o que vocês se tornaram. Meros robôs... Duas pessoas frias que não creem mais em nada. Corações de aço inox coberto por poeira e ferrugem alheia. Ah se vocês tivessem se dado uma chance. Uma mais.

Você consegue ver também como seria?

Casa, filhos, futuro... Família e até um cachorro.

Tudo ao contrário do que hoje está, de pernas pro ar.

Tudo ao contrário da solidão dessa mesa de bar.

Marcos Tinguah Vinicius
Enviado por Marcos Tinguah Vinicius em 21/05/2012
Código do texto: T3679752
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