Da força e dessas fraquezas,
Das pequenas coragens e dos grandes medos,
Do que se diz e do que não se diz,
De tudo que é revelado e de todos os segredos,
Do que não tenho e do que quase tive por um triz.
Sou o dono disso tudo, menos da vida que vai, sai,
Do dia que selvagem corre solto nos campos do tempo,
De um demônio em que não acredito dito meu destino,
Não sou dono de meus desatinos e daquilo que não atino
Preso no cimo inatingível de todos os meus sentimentos.

Dos versos os mesmos, diversos, dos tantos sonhos,
Dos olhares e horizontes, lugares e dessas palavras,
Dessa lavra do que disponho e decomponho no que componho,
Até do meu mais absoluto e inabalável e triste silêncio.
Sou dono deste vazio que por completo me toma,
Da solidão ela mesma, sempre ela, que assim me forma
E da tristeza eterna que me acompanha e me transforma,
Até mesmo de cada lágrima que derramada me transtorna.
Só não sou dono da poesia que, repleta, sempre entorna,
E que nunca avisa quando é que vem nem sob que forma...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 21/05/2012
Reeditado em 07/05/2021
Código do texto: T3679611
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