AGONIA DO DESEJO

Quando fui aprisionada no jardim do olhar, pressenti que caminhava os passos cruciantes da paixão. A dor do gesto presente na incerta despedida, os sentidos suspensos entre as alturas do louvor e os abismos da ingratidão, o espírito em oração buscando a comutação das penas... Mísero coração! Em passos lentos, percebi o corpo tombar exaurido e se projetar no chão como uma lembrança angustiante... Quando tentei velar o morto, compreendi que a carne estava presa na minha alma em cruz e atravessei a noite insone para me desprender do desejo em agonia.

Helena Sut
Enviado por Helena Sut em 03/02/2007
Reeditado em 04/02/2007
Código do texto: T367704