Era uma sexta de lua lobisômica e os gatos pretos se fundiam com as sombras urbanas.
     Stela au
mentava os cílios, pintava a boca de carmim, vestia a meia-calça, a miniblusa e a microssaia.(Sem calcinha)     

     Enchia a bolsa de camisinha.
     Tudo nela era assim: de mediano a diminuto, com exceção do salto e da pressão que eram altos.
                              (Mas o que era de matar era a cinta liga)                
       Abriu a porta do quarto e pôs o pé no quinto...dos infernos.
     Contudo não hesitava, pois excitava as criaturas lúgubres e as fazia brilhar como vaga-lumes num piscar... de olhos. Era fêmea de prazeres efêmeros.
     De dia, vivia o ócio do cio que perdera; à noite laborava orgasmos simulados. Cumpria uma pena comprida. Os búzios revelaram seu crime: fora sinhá perversa em casa grande e agora deveria ser conversa à boca pequena de carolas pudicas.
     No entanto, não era uma ré que clamava por misericórdia. Não reclamava sua miséria e até aprendeu o know how da mixórdia: desdobrava as pregas vocais numa poliglotia babilônica: gemia fuck me e mon amour com os gringos e até blasfemava um oh my god. Todavia emitia orações com conjunções (carnais) conformativas.
                                   (Ela não sentia e não ligava)

     Mas a cinta liga se atava à carne qual carma, camisa de força que Vênus enciumada a impusera. Entretanto, naquela noite, a libertou Cibele: roumpeu a crisálida da sua pele. Envergada alma se ergueu das entranhas, asas pink e rouge agigantaram-se translúcidas. Observada por um coro de lamentos, saiu voando e enfim pousou na rosa dos ventos.



Well Coelho
Enviado por Well Coelho em 19/05/2012
Reeditado em 20/05/2012
Código do texto: T3676044
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